PLANÍCIE

Sou, na verdade, o Lobo da Estepe, como me digo tantas vezes aquele animal extraviado que não encontra abrigo nem na alegria nem alimento num mundo que lhe é estranho e incompreensível

Herman Hesse

quarta-feira, 31 de agosto de 2016

HIPER ao CUBO



HIPER EU!!???
As palavras, que gostaria de ter escrito... (EU)e que nunca conseguirei fazer entender à MULTIDÃO dos DIAS...

E a vida seria mais SIMPLES.
Do BRASIL para aqui.



FAÇO, DELAS o MEU SENTIMENTO...



Sentimentos exacerbados, dores amplificadas, mente borbulhante, angústia com o que não lhe diz respeito, intuição aguçada, espontaneidade inocente. Talvez você também seja um hipersensível.

Para um hipersensível, diagnosticar-se como tal é algo muito importante. Na verdade, um divisor de águas. Enfim, começamos a nos entender. Não somos exagerados, mimados ou dramáticos, como quase nos fizeram acreditar. Somos dotados de uma característica peculiar e determinante, a qual, por não podermos abrir mão, é necessário que aprendamos a manejar da melhor forma possível.

Mesmo com o passar do tempo, é difícil chegarmos a uma conclusão exacta de quanto da hipersensibilidade é “defeito” (negativo) e do quanto é “qualidade” (positivo). Mas, é o que nos adjectiva, nos compõe, nos impulsiona. É, de nós, inerente, irretocável e intransferível. Resta-nos aceitá-la.

Em razão da sensibilidade exacerbada, a dor, para nós, é - de fato - muito mais intensa. Tanto a física, quanto a emocional. A recuperação de uma cirurgia é muito mais penosa e demorada, por exemplo. Os exercícios físicos desgastam-nos mais que aos demais. Alguns procedimentos estéticos são um tanto dolorosos para nós. Uma gripe tem o poder de nos incapacitar. Entendemos, então, que não podemos servir de parâmetro para muita coisa.

Os sentimentos, da mesma forma, são elevados ao cubo. Efectivamente, uma “brincadeira-verdade” pode nos fazer sentir muito mal. 

Indiferenças  entristecem-nos  bastante. 

Grosserias nos destroem. Outrossim, Barulhos excessivos afectam bastante os que sentem demais. Podemos ficar desconcertados com músicas muito altas, máquinas trabalhando ou pessoas gritando.

Muitas coisas que podem não ter grande relevância para a maioria das pessoas, para nós são essenciais, e seria interessante que os que connosco convivem soubessem medir as palavras usadas, lembrar datas marcantes, atentar ao tom de voz, evitar “zoadas-inocentes”, repetir declarações, evitar estressores desnecessários.

Evitamos conflitos ao máximo. Não apenas os que nos envolvem, mas qualquer conflito. Presenciar uma agressão entre estranhos, por exemplo, pode nos fazer sentir muito mal, mesmo. Sentimos os golpes quase como se fossem dados em nós.

Inclusive, qualquer espécie de constrangimento, para nós, reflecte-se de forma exacerbada. Presenciar uma pessoa sendo colocada numa saia justa, ou sendo xingada, exemplificamente, nos deixa desconfortáveis também. Os evitamos, então, a todo custo.

Presenciar injustiças nos faz estremecer. Podemos não ter nenhuma relação com a situação, mas não conseguimos nos manter neutros. 

Se, por alguma razão, não nos envolvermos - de fato - no ocorrido, certamente ficaremos com aquilo “matutando” por tempos dentro do nosso ser.

Empatia também é uma palavra que nos define. Moradores de rua, crianças carentes e pessoas doentes nos fazem murchar. 

Ver um animal morrer pode acabar com o nosso dia. Até mesmo as tristes e violentas histórias passadas quotidianamente nos noticiários nos fazem muito mal. 

Melhor manter distância.

O sofrimento alheio nos atinge directamente. Faz doer nosso coração. Queremos ajudar a todos que vemos necessitar. Não entendemos como podemos viver leve e alegremente em um mundo onde muitos estão passando por grandes dificuldades, das mais diversas ordens. Nossa compaixão, desta forma, é imensa. Às vezes, pode até nos causar transtornos.






Temos a vantagem, por outro lado, de ficarmos bem quando sozinhos. Na verdade, um pouco de solidão é essencial para um hipersensível.  
Precisamos acalmar a mente, colocar a casa em ordem . O silêncio, nesse ponto, é fundamental.

Expressamos os nossos sentimentos com mais facilidade do que os demais.

 Se estamos tristes ou emocionados, chorar não é problema. Aliás, choramos bastante, às vezes até sem saber exactamente por quê.

 Talvez, excesso de informação (que nos embaralha, diga-se de passagem). É um alívio, enfim. Uma forma de extravasar o que não cabe mais dentro de nós.

Contudo, também rimos sem fazer cerimónia. Quando algo é engraçado, divertido ou excitante, ora, não vemos porque reprimir nosso sentimento. Somos espontâneos. Evolvemo-nos e empolgamo-nos com facilidade. 



Às vezes passamos por inocentes demais.


Também somos intuitivos e, não raro, captamos emoções e sensações dos ambientes. Sentimos quando não somos bem-vindos, quando a situação é forçada, quando a intenção não é tão boa assim. Deveriam dar mais crédito aos nossos insights.



Um dos pontos negativos, outrossim, é não esquecermos facilmente as coisas.

 Temos uma boa memória. Lembramos por tempos humilhações, desfeitas, indelicadezas, desconsiderações. Não que as fiquemos remoendo, mas, em algum momento, sua ocorrência será recordada (ainda que não necessariamente manifestada).




Somos pensadores profundos.
 
 A nossa mente, efectivamente, borbulha (ainda que saibamos que isso nos consome). Procuramos explicações, soluções, inovações. O comportamento humano nos fascina. A dinâmica da vida – e da morte -, igualmente. Vivemos tentando entender o mundo. Buscar o sentido das coisas. Encontrarmo-nos. Conhecermo-nos. Desenvolvermo-nos.







Apreciamos as subtilezas. Um céu estrelado. Um toque leve na nossa mão. Um aroma que surge inesperadamente no ar. Um por do sol multicolorido. Um som que toca o nosso coração. Um poema que parece nos traduzir. Um olhar que nos desnuda. Tudo isso nos fascina.





É trabalhoso. É sofrível. É, muitas vezes, exaustivo. Mas é gostoso. É encantador. Na verdade, essencial. Não saberíamos viver de outra forma, com outra intensidade. Nosso tom é esse. A hipersensibilidade.