PLANÍCIE

Sou, na verdade, o Lobo da Estepe, como me digo tantas vezes aquele animal extraviado que não encontra abrigo nem na alegria nem alimento num mundo que lhe é estranho e incompreensível

Herman Hesse

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

O MOMENTO










ETERNIDADE

 


IMORTALIDADE






       
A PEQUENEZ do sentimento
ENQUANTO a TERRA em SOLIDÃO
viaja no ESCURO do INFINITO
os HOMENS 
Continuam KRIANDO. E os PÁSSAROS do PARAÍSO.






SÓ ELA É QUASE VERDADEIRAMENTE IMORTAL.






A BELEZA TAL COMO A CARNE É EFÉMERA E MAQUILHADA PELO EFEITO da DIFERENÇA.
Só o AZUL caminhante se renova e elimina os vestígios, da PELE que salpica a VIAGEM de MILÉNIOS.
SÓ...ela vestida de AZUL. 


Poema Se (Professor Hermógenes)




Se, ao final desta existência,
Alguma ansiedade me restar
E conseguir me perturbar;
Se eu me debater aflito
No conflito, na discórdia…

Se ainda ocultar verdades
Para ocultar-me,
Para ofuscar-me com fantasias por mim criadas…

Se restar abatimento e revolta
Pelo que não consegui
Possuir, fazer, dizer e mesmo ser…

Se eu retiver um pouco mais
Do pouco que é necessário
E persistir indiferente ao grande pranto do mundo…
Se algum ressentimento,

Algum ferimento
Impedir-me do imenso alívio
Que é o irrestritamente perdoar,

E, mais ainda,
Se ainda não souber sinceramente orar
Por quem me agrediu e injustiçou…

Se continuar a mediocremente
Denunciar o cisco no olho do outro
Sem conseguir vencer a treva e a trave
Em meu próprio…

Se seguir protestando
Reclamando, contestando,
Exigindo que o mundo mude
Sem qualquer esforço para mudar eu…

Se, indigente da incondicional alegria interior,
Em queixas, ais e lamúrias,
Persistir e buscar consolo, conforto, simpatia
Para a minha ainda imperiosa angústia…

Se, ainda incapaz
para a beatitude das almas santas,
precisar dos prazeres medíocres que o mundo vende…

Se insistir ainda que o mundo silencie
Para que possa embeber-me de silêncio,
Sem saber realizá-lo em mim…

Se minha fortaleza e segurança
São ainda construídas com os materiais
Grosseiros e frágeis
Que o mundo empresta,
E eu neles ainda acredito…

Se, imprudente e cegamente,
Continuar desejando
Adquirir,
Multiplicar,
E reter
Valores, coisas, pessoas, posições, ideologias,
Na ânsia de ser feliz…

Se, ainda presa do grande embuste,
Insistir e persistir iludido
Com a importância que me dou…

Se, ao fim de meus dias,
Continuar
Sem escutar, sem entender, sem atender,
Sem realizar o Cristo, que,
Dentro de mim,
Eu Sou,
Terei me perdido na multidão abortada
Dos perdulários dos divinos talentos,
Os talentos que a Vida
A todos confia,
E serei um fraco a mais,
Um traidor da própria vida,
Da Vida que investe em mim,
Que de mim espera
E que se vê frustrada
Diante de meu fim.

Se tudo isto acontecer
Terei parasitado a Vida
E inutilmente ocupado
O tempo
E o espaço
De Deus.
Terei meramente sido vencido
Pelo fim,
Sem ter atingido a Meta.

( Professor Hermógenes )


RECEITA DE ANO NOVO

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)
Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.
Carlos Drummond de Andrade , "Receita de Ano Novo".




sábado, 19 de dezembro de 2015

Santos e LOUCOS...numa HABITADA CABANA




2015


Está a cabana iluminada. É lá dentro que se afaga a memória do futuro, relembrando os pirilampos do passado.

Ah...que saudades tenho dos pirilampos da minha infância!
HR




BAL (OI) AN (...ÇOs)







"Encarar a vida pela frente... Sempre... Encarar a vida pela frente, e vê-la como ela é... Por fim, entendê-la e amá-la pelo que ela é... E depois deixá-la seguir... Sempre os anos entre nós, sempre os anos... Sempre o amor... Sempre a razão... Sempre o tempo... Sempre... As horas."



Virginia Woolf 


Crazy & Saints

I choose my friends not by their skin or other archetype, but by the pupil.
They have to have questioning shine and unsettled tone.
I'm not interested in the good spirits or the ones with bad habits.
I'll stick with the ones that are made of me being crazy and blessed.
From them, I don't want an answer, I want to be reviewed.
I want them to bring me doubts and fears and to tolerate the worst of me.
But that only being crazy.
I want saints, so they dount doubt differences and ask for forgiveness for injustices.
I choose my friends for their clean face and their soul exposed.
I don't just want a man or a skirt, I also want his greatest happiness.
A friend that doesn't laugh together doesn't know how to cry together.
All my friends are like that, half foolish, half serious.
I don't want foreseen laughter or cries full of pity.
I want serious friends, those that make reality their fountain of knowledge, but that fight to keep fantasy alive.

I don't want adult or boring friends.
I want half kids and half elderly.
Kids, so they don't forget the value of the wind blowing on their faces and elderly people so they're never in a hurry.
I have friends to know who I am.
Then seeing them as clowns and serious, crazy and saints, young and old, I will never forget that 'normalcy' is a sterile and imbecile illusion.
(Oscar Wilde)









 





Como os magos, sempre à procura da verdade que nos precede

A Epifania do Senhor é a sua manifestação, a revelação aos gentios de todo o mundo do Menino nascido em Belém e já encontrado por Israel através dos pastores (cf. Lucas 2, 8-20). À manjedoura chegam também os magos, isto é, sábios, buscadores de Deus que não pertencem ao povo dos crentes no Deus único, a Israel.
Vêm daquelas terras do Oriente que desde sempre surgem a nós, ocidentais, como lugares em que os seres humanos praticaram, mais do que noutras culturas, uma procura da verdade marcada por uma purificada luta anti-idolátrica. Como esquecer que naquele tempo, e desde já há alguns séculos, existiam o budismo e as outras "vias religiosas" orientais, caminhos percorridos por homens e mulheres em busca de salvação e luz para as suas vidas?
O obscuro nascimento daquele Menino em Belém, de uma família de pobres, atrai assim estes magos, porque a incarnação do Filho de Deus era a maneira com que o próprio Deus desejava unir-se a cada ser humano e a toda a humanidade.
O rei de Israel, o rei que está no trono de David (cf. Lc 1, 32-33), é também o esperado por todos os gentios; para o encontrar, todavia, aqueles sábios deviam partir para Jerusalém (cf. Isaías 60, 1-6) e escutar as Escrituras que contêm as promessas de Deus guardadas pelo povo santo.
O quadro apresentado pelo Evangelho segundo Mateus (2, 1-12) foi, ao longo dos séculos, interpretado e cantado de muitas maneiras, que contudo convergem na comunicação de uma mensagem essencial: a vinda dos magos a Belém é a resposta da humanidade a Deus que quis vir até ao meio de nós para ser o Emanuel, o Deus connosco (cf. Mateus 1, 22-23; Is 7, 14).
Eles encontram indicações e sinais para a sua procura no próprio céu, através de uma estrela que, no seu aparecimento, os coloca em viagem para um lugar ignoto; uma estrela que se assemelha mais a um mensageiro de Deus do que a um cometa, uma estrela que os guia para o encontro com aquele que tanto era esperado, e todavia até então tinha permanecido anónimo e desconhecido...
Mais em profundidade, é uma necessidade que os conduziu até Jesus, a necessidade de conhecer o outro, de sair da auto-referencialidade religiosa, de procurar uma verdade nunca possuída, que sempre nos precede. Um édito promulgado por Ashoka, rei indiano e budista do séc. III a.C., diz assim:
«A fé de todos os outros deve ser respeitada (...). Honrando a fé dos outros exalta-se a própria fé (...). Desejo que os homens do meu reino conheçam as religiões dos outros homens, e assim adquiram uma sabedoria mais sólida.»
Eis o espírito de procura que impele os magos a partir a caminho do Ocidente, e é assim que eles são associados, por um modo só de Deus conhecido, ao mistério pascal (cf. Gaudium et spes, 22).
O Menino nascido em Belém surge assim, hoje, como um dom de Deus a toda a humanidade e, ao mesmo tempo, como a expetativa de toda a humanidade, mesmo de quantos não conhecem a fé dos crentes no Deus único. E assim a bênção chega a todos os gentios (cf. Gálatas 3, 14), segundo a promessa feita a Abraão: «Em ti e na tua descendência serão abençoadas todas as famílias da Terra» (Génesis 28, 14).
Na descendência de Abraão coloca-se o próprio Jesus Cristo (cf. Mt 1,1), o Messias; mais: Ele é «a esperança dos confins da Terra» (Salmo 65, 6), capaz de atrair a si todos os seres humanos (cf. João 12, 32)...
Os magos deixaram a sua terra, o seu mundo, e empreenderam uma longa viagem; impelidos pela sua sede de verdade e salvação, caminharam com perseverança para uma meta, porque Deus faz-se encontro a quem o procura com sinceridade. E não foram sós: levaram consigo a sua cultura, a sua identidade, a sua história, tudo oferecendo ao Salvador.
O seu encontro com o Messias, porém, não marcou o fim da sua procura: continuaram a caminhar «seguindo outra estrada», como diz Mateus, ou seja, prosseguindo a sua procura da verdade de maneira diferente. A partir do seu exemplo, nós, cristãos, estamos dispostos a procurar com humildade aquela verdade que sempre nos precede e que, no fim da história, nos acolherá, juntamente com todos os homens, no Reino?

Enzo Bianchi
In "Monastero di Bose" 


 
Imagem Pieter Aertsen | C. 1560 | Rijksmuseum, Amesterdão, Holanda | D.R.
Mais em profundidade, é uma necessidade que os conduziu até Jesus, a necessidade de conhecer o outro, de sair da auto-referencialidade religiosa, de procurar uma verdade nunca possuída

Os magos deixaram a sua terra, o seu mundo, e empreenderam uma longa viagem; impelidos pela sua sede de verdade e salvação, caminharam com perseverança para uma meta, porque Deus faz-se encontro a quem o procura com sinceridade

A partir do seu exemplo, nós, cristãos, estamos dispostos a procurar com humildade aquela verdade que sempre nos precede e que, no fim da história, nos acolherá?


BALTAZAR e o SIGNIFICADO 
do
NATAL

 







Caldeira
O Quarto REI-MAGO








É MESA!
É CALOR...
é AMOR
CONFIANÇA.
ENTREGA DESPIDA.
TOTALIDADE
INGENUIDADE.
PRESENÇA...
SENTIDA.
De VIDA...
VIVIDA
REPARTIDA.

É SONHAR e desejar...
MARCAR, o LUGAR.
Dividir e CONTAR
No NATAL soma + um (1) ano.
para nós desengano de TUDO o que não fizemos.
Fizemos!
Não fizemos
Errámos
Pensámos
gastámos mais um bocado ...
do SER.
Partilhámos desejos e palavras.
No natal faço o BALANÇO no baloiço
do VAIVÉM  das CONTRADIÇÕES-que:
-Não são mais do que a dificuldade inventada , para que a estrada,  seja
MARCADA pela VONTADE repetida e SOFRIDA, lida e AMADA.
 PINTADA!...
Porque assim teve que SER.
FOI...

(O aluno da quase poesia rimada e inventada do PIRES Poeta de verdade)
Quem se esforça seu mal espanta.






































e brincava de triciclo vermelho e de ansiedade multicolor, de bola mundi e de transístor fantasia

e cheirava a vinho e a maresia, a filhó e a frio, a chaminé e a ternura

e cantava do caramelo a noite e o encanto, a aurora e todo o pranto 

e vestia de saca e capuz e de mãos rasgadas em magia e brancura



e se chove e se neva e se dezembro cai em flor?

e se foste e voltas a ser o meu calor?



que seja

que seja a noite, o dia, a alvorada sem ânsia

um abraço, dois suspiros, muitas casas

que seja a vidamuita vida em abundância

mas que o tempo more todo num só voo e seja sempre dia de sol com asas...

Manéli du Kardoso










MARCAS...dos MESES





IMAGEM que FALA...





2016

20 IDEIAS do FILÓSOFO

Nietzsche

 


  2016...SEMPRE as HORAS. SEMPRE o TEMPO...

IDEIAS do GRANDE FILÓSOFO-PARA PENSAR e REPENSAR



1. O destino dos homens é feito de momentos felizes e não de épocas felizes
A felicidade costuma ser frágil e volátil, por isso só é possível senti-la em certos momentos. Se pudéssemos experimentar a felicidade ininterruptamente, ela perderia todo seu valor, uma vez que só percebemos ser felizes por comparação. Após um dia inteiro de trabalho, um pouco de descanso é tudo que queremos. Após um dia inteiro de chuva, o raiar do sol é maravilhoso. Da mesma forma, a alegria aparenta ser genuína e intensa quando atravessamos um período de tristeza.
A obrigação de ser feliz é grande motivadora de stresse e frustração. Contra essa perspectiva ingénua, Nietzsche  lembra-nos:
"A felicidade vem em lampejos. Tentar fazer com que ela dure para sempre é aniquilar esses brilhos que nos ajudam a seguir em frente no longo e tortuoso caminho da vida."

2. A verdade é uma vontade de engano

Nietzsche pensava que a verdade em que se acredita nada mais é do que uma crença na veracidade de um engano. Sendo assim, a verdade seria uma ilusão de criação.
O autor refere-se à verdade como sendo uma vontade. Para ele, a verdade não é uma coisa que está ali para se encontrar ou descobrir, mas algo que está por criar e que dá nome a um processo. Nietzsche entende que a vontade de verdade decorre de uma vontade de engano: a necessidade de se atribuir um determinado valor à categoria de verdade para fazê-lo mais forte e poderoso a fim de que se possa acreditar nele. Porém, como este valor foi criado historicamente, seria um engano tê-lo por verdade.
"Verdade: em minha maneira de pensar, a verdade não significa necessariamente o contrário de um erro, mas somente, e em todos os casos mais decisivos, a posição ocupada por diferentes erros uns em relação aos outros."
Se aceita a verdade como moral, então ela representa um erro necessário. É impossível viver sem ter representações morais da verdade. Precisamos acreditar na verdade para validarmos nossa existência, por exemplo, sem a qual não haveria engano. Para Nietzsche, a vontade de verdade e a vontade de engano são a mesma, só que observadas de duas perspectivas diferentes. A vontade de verdade, a busca da verdade e a crença nesta verdade decorrem da necessidade de se acreditar nas construções históricas e culturais, então, a verdade decorre da vontade de engano.

3. A mentira mais comum é a que um homem usa para se enganar a si mesmo


Mentimos para sermos mais felizes, embora possamos estar apenas nos enganando  na intenção. Niezsche costumava dizer que "enganar os outros é um defeito insignificante, pois o que nos transforma em monstros é o auto-engano."
De fato, é muito mais fácil não admitir que se está errado do que aceitar o próprio erro. Ás vezes, basta assumir humildemente um erro; apenas dessa forma nos contentaremos com as consequências de uma ilusão que possa ser vivida.

4. A potência intelectual de um homem se mede pelo humor que ele é capaz de manifestar

Por várias vezes, Nietzsche falou sobre a importância do humor, que ele considerava uma tábua de salvação para os desgostos que a vida oferece. Como ele dizia:
"O homem sofre tão terrivelmente no mundo que se viu obrigado a inventar o riso."
Para o filósofo, as pessoas deveriam tachar de falsa toda verdade que não seja acompanhada por um sorriso. Essa é uma ideia acalentadora, embora possa ser mentirosa em sua própria atribuição. Mas os benefícios são evidentes.


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5. O homem amadurece quando reencontra a seriedade que demonstrava em suas brincadeiras de criança


"Em qualquer homem autêntico existe uma criança querendo brincar."

 
Para Nietzsche, considerar fábulas e jogos coisas infantis é sinal de grande pobreza de espírito, pois somente as pessoas capazes de manter a curiosidade e o senso lúdico da infância terão sempre novos êxitos ao seu alcance. Crianças encaram a vida como uma brincadeira, e pensam que contos de fada são verdadeiros. Não significa que devemos agir de forma ingénua, mas é essencial mantermos um pé no mundo da fantasia, o que aflora nossa imaginação e nos torna mais criativos e producentes.
Às vezes, tudo de que precisamos é deixar de lado o mundo dos adultos e assumir a personagem que já fomos antes.

6. Não se aprende a voar voando


De acordo com o filósofo, quem deseja aprender a voar deve primeiro aprender a caminhar. Fazer qualquer coisa sem estar preparado gera decepção iminente. Como diz Nietzsche:
"Quem espera levantar voo sem antes passar pelo aprendizado básico está condenado a uma queda da qual não se reerguerá."
Aquele que conhece suas capacidades e, mais importante, as suas limitações, sabe exatamente quais lutas pode lutar e quais não.

7. Quem luta contra monstros deve ter cuidado para não se transformar em um deles


"Os cínicos costumam  esconder-se  por trás da maldade do mundo para dar asas à própria perversão. No entanto, os atos alheios nunca justificam os nossos."
Com esta reflexão, Nietzsche refere-se às dificuldades e injustiças da vida que podem fazer com que uma pessoa aparentemente benevolente se torne malévola por necessidade. Entretanto, ele lembra que, no final, uma decisão, mesmo terrível, é opção pessoal, e a responsabilidade, intransferível.

8. É muito difícil os homens entenderem a sua ignorância no que diz respeito a eles mesmos
"Somente quando o homem tiver adquirido o conhecimento de todas as coisas poderá conhecer plenamente a si mesmo. Por que as coisas nada mais são que as fronteiras do homem."
O filósofo sugere que não há nada mais trabalhoso que o autoconhecimento. Então, para chegar-se a um elevado nível de sabedoria, o homem precisa se dispor a superar seus próprios limites, é claro, com prudência e ambição suficientes.


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9. O sucesso sempre foi um grande mentiroso

O êxito costuma ser um veneno, pois um privilegiado pode agir como prepotente, e assim ficar estagnado. Nietzsche ensina que, quando a sorte deixa de sorrir para o bem-sucedido, de uma hora para outro o seu mundo vira-se de cabeça para baixo. O fracasso, por sua vez, representa sempre uma oportunidade para melhorar; favorece a humildade,  ajuda-nos  a manter os pés no chão, estimula a nossa imaginação e faz-nos explorar novas perspectivas.
Aqueles que se dispõem a alcançar algo precisam estar devidamente preparados para derrocar, ao passo que novas oportunidades possam ser almejadas.

10. A melhor arma contra o inimigo é outro inimigo

Segundo Nietzsche:
"Uma guerra não é travada apenas nos campos de batalha tradicionais, em que tropas tentam aniquilar umas às outras. A luta acontece em qualquer área em que os seres humanos disputem influência."
Existem disputas de poder em toda e qualquer circunstância, seja em casa, no trabalho ou onde for, quando duas ou mais pessoas usam as  suas armas para conseguir o papel central. Assim como os animais, os  seres humanos são territoriais e constantemente buscam aumentar seus domínios, inclusive o emocional. Mas, como lembra Nietzsche, nem sempre encontramos um inimigo para opor àquele em perspectiva que está nos enfrentando, e às vezes, precisamos de fato recorrer a outras estratégias que impelem nossas ações.

11. A essência de toda arte é a gratidão

De acordo com o filósofo alemão, a gratidão é uma condição indispensável para apreciarmos a beleza do mundo. Algumas pessoas aparentemente têm tudo, e sentem como se não tivessem nada, ao passo que outras realmente têm pouco, mas agradecem e maravilham-se com o pouco que têm.
Nietzsche ressalta que, se praticarmos a arte da gratidão, alimentaremos o nosso ser emocional de boas sensações, principalmente nas horas de dificuldade. Mesmo em ocasiões de tensão e stress, basta deixarmos agraciar pelas belezas do mundo para encontrarmos forças que nos permitem superar as árduas provações que advirem.

12. As pessoas nos castigam pelas nossas virtudes. Só perdoam sinceramente os nossos erros
 
Para Nietzsche, o contrário do amor não é o ódio, mas a indiferença. Segundo ele, a fúria de quem odeia é nutrida por uma admiração oculta, e assim também acontece com a inveja. Schopenhauer, filósofo que inspirou Niezsche, afirma:
"A inveja dos homens mostra quão infelizes eles se sentem, e a atenção constante que dão aos que fazem os demais mostra como sua vida é tediosa."
Se apontamos uma boa novidade para alguém e essa pessoa logo aponta nossas falhas, decerto que ela não deseja que sigamos adiante. Por esse motivo, convém ocultar nossos êxitos em determinadas oportunidades, pois assim evitamos uma carga emocional negativa e indesejada de quem poderia facilmente nos atingir.


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13. Se a consciência nos torna humanos, a imperfeição é um traço distintivo de nossa espécie

De acordo com Nietzsche:
"O homem que imagina ser completamente bom é um idiota."
Passamos mais tempo consertando erros que construindo coisas de valor. Assumir essa realidade nos torna mais humildes e, o que é mais importante,  faz-nos tomar consciência do quanto ainda precisamos melhorar. Errar faz parte do processo de aprendizagem. Como denota Nietzsche, as pessoas perfeccionistas acabam por sofrer as consequências de seus atos imperfeitos e, se algo dá errado, costumam transferir a culpa para os outros, mesmo que falha alguma seja cometida.
O filósofo nos lembra que é inútil desejarmos ser bons o tempo todo e fazer tudo certo: o que importa é estarmos dispostos a fazer um pouco melhor hoje do que fizemos ontem.

14. Só quem constrói o futuro tem o direito de julgar o passado

"Quem constrói o futuro está muito ocupado para julgar o passado".
Por vezes perdemos d em memórias e lembranças passadas a fim de guiarmo-nos para o futuro. No entanto, tais julgamentos do passado escondem o orgulho premente de quem se considera dono da verdade, e também revela grande insegurança. Como diz Nietzsche:
"É mais produtivo construir o que vai acontecer do que analisar o que se passou."
Quem age está menos preocupado do que quem não ocupa a mente.

15. É importante nos orgulharmos de nossos inimigos
Na visão de Nietzsche, não devemos ter mais inimigos que as pessoas dignas de ódio, mas tampouco devemos ter inimigos dignos de desprezo. O filósofo afirma ser necessário reservar-nos para os adversários, pois frequentemente temos que lidar com muitas ofensas, e passar por cima de muitos para não sermos massacrados.
"Escolhe inimigos que te mereçam."

16. Nós  sentimo-nos bem no meio à natureza porque ela não nos julga

O ser humano é um animal que julga, e muitas vezes somos desnaturalizados pelos outros, o que nos faz sentir estranhos  num mundo de supostos humanos. Nietzsche ressalta que, ao sentirmos o cheiro de terra fresca, o ar limpo e o silêncio, apenas quebrado pelas criaturas ao redor, reencontramos nossa essência por tanto tempo abandonada.
"Na cidade, precisamos representar um papel porque estamos muito preocupados com o que pensam de nós. Mas, ao voltar à natureza, podemos nos dar ao luxo de sermos nós mesmos. Não precisamos nos vestir bem, falar ou atuar de maneira especial. Basta nos deixarmos levar pelo mundo natural em direção ao nosso interior, onde um manancial de tranquilidade nos espera."


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17. Não há apenas uma morte ao longo da existência

Nietzsche sugere que precisamos pagar pela imortalidade e morrer várias vezes enquanto estamos vivos. Segundo ele, não há apenas uma morte ao longo da existência. No transcorrer da vida, vamos vencendo etapas e superando desafios, simbolicamente, para podermos renascer em estágios posteriores. A essas transições de uma vida para outra, Nietzsche denominava "ritos de passagem", tomadas de consciência nas quais necessariamente deixamos o passado para trás e comprometemos com novas perspectivas à frente.

18. Quem vê mal sempre vê pouco. Quem escuta mal sempre escuta demais
Muitas vezes, só ouvimos o que queremos ouvir, já que o murmúrio das nossas ideias preconcebidas se sobrepõe a realidade, sempre mais simples que a opinião que formamos dela. Nietzsche propõe que devemos buscar o pensamento com clareza, do contrário, estaremos apenas seguindo ecos e ruídos de nossos preconceitos.

19. Quem tem uma razão de viver é capaz de suportar qualquer coisa
Assim como a maioria dos filósofos, Nietzsche sempre destacou a importância de se buscar uma razão de viver. Quando nossa vida se torna plena de sentido, falava ele, nossos esforços já não são cansativos, e sim passos seguros em direção às metas que estabelecemos.

20. O que não nos mata fortalece-nos
Como dizia Nietzsche:
"Se a correnteza não nos mata, acabamos ganhando uma experiência essencial que nos ajudará a salvar a nós mesmos e às demais pessoas em futuras provações."
 

Referência bibliográfica:
PERCY, Allan. Nietzsche Para Estressados.

Eduardo Silva Ruano

 




Sempre as HORAS...sempre o TEMPO. Sempre a  VIDA... 

e o FIM.