O Professor Manuel Sobrinho Simões fez
hoje um dos melhores discursos que se ouviram até hoje nas cerimónias
comemorativas do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades. Não faço
esta referência para menorizar o discurso do Presidente da República,
ambos são professores catedráticos, mas de um lado temos uma tradição de
rigor, alguém que fala quando é preciso, do outro temos uma cultura de
selfies e nunca sabemos se vamos ouvir o comentador televisivo, o
professor de direito, o político dos congressos do PSD ou o Presidente.
Quando se ouve Marcelo fica-se a rir, quando se ouve Sobrinho Simões fica-se a pensar, fica-se a pensar sobre quem somos, quem poderíamos ser e sobre o que queremos ser. Estava ouvindo Sobrinho Simões e a câmara ia mostrando os rostos, percebia-se a curiosidade por detrás do rosto de circunstância dos soldados, via-se o sorriso de Costa, a altivez de Assunção Cristas e a cara de Pau de Marco António.
Mas enquanto ouvia Sobrinho Simões
pensava sobre o fosso que existe entre o mundo das banalidades em que se
transformou o debate político e o mundo de quem pensa com seriedade.
Porque motivo não ouvimos mais vezes gente com a grandeza intelectual de
Sobrinho Simões e passamos a vida a ouvir matracas falantes como Medina
Carreira, José Gomes Ferreira, para não baixar o nível e passar aos que
têm mais tempo de antena, como os anafados do João Guerra e Serrão e os
paspalhos do Pina e do Ventura.
Que país é este onde os partidos da
oposição tentam vir a ser governo procurando conflitos entre declarações
de ministros e secretários de Estado? Dei o exemplo do que temos vindo a
assistir na luta partidária, mas poderia eleger os discursos de muitas
personalidades de todos os quadrantes partidários, sindicais ou
empresariais.
Interrogo-mo como é que um país tão
grande gera tanta pequenez, mas pior do que isso, porque razão neste
país são os mais pequenos a dominar? Porque é que o nosso país está
condenado a não ultrapassar os horizontes que lhe são impostos por tal
gente, como se em vez das forças do universo por aqui imperasse uma das
mais elementares regras da matemática, a do mínimo múltiplo comum?
PS: Alguém se lembra do que disse Marcelo Rebelo de Sousa?
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